quarta-feira, 28 de março de 2012

"A menina que roubava livros"

Pensei consideravelmente sobre qual livro merecia a estreia do blog. Então, decidi começar pelo óbvio: um livro que me marcou.

"Quando a Morte conta uma história, você deve parar para ler". Uma frase arrepiante e ao mesmo tempo intrigante. Nunca pensei que a morte pudesse ser tão leve, mas em 478 páginas, Markus Zusak a fez leve, serena e agradável. Confesso que o livro é um pouco cansativo, porém a linguagem é fácil e acessível. Ao narrar genuinamente a história abordando a natureza humana de um ponto de vista até então nunca revelado, a Morte faz desse livro algo sensível e encantador. A Morte encontrara Liesel Meminger em três ocasiões: na morte de seu irmão mais novo, um pouco antes de ser adotada; na morte de um piloto aéreo; e na morte de seus pais adotivos, quando a rua em que morava havia sido bombardeada.

Toda história se desenrola na Alemanha Nazista. Após o episódio da morte do irmão, Liesel é adotada e vai morar na rua Himmel, em uma cidade próxima a Munique. Lá descobriu que tinha uma mãe adotiva mal educada, rude e rabugenta, que me assustou um pouco no começo, porém depois me fez perceber que não era uma má pessoa. Inclusive, a própria Liesel, com o passar do tempo, percebeu que a mãe adotiva a amava, apesar do seu jeito embrutecido. Em compensação, Liesel tinha um pai adotivo que não economizava carinho e atenção com a menina. Hans ensinava a filha a ler e escrever, contava histórias e tocava seu arcodeão durante as madrugadas em que Liesel tinha pesadelos com o irmão morto. Em sua nova vida, a pequena garota de nove anos conhece Rudy, que se torna o seu melhor amigo e possível amor, ainda que não assuma isso (rsrs). Outro personagem fundamental é Max, um judeu escondido no porão da família, o qual Liesel cria uma amizade muito forte e um afeto estimável! Porém, tudo se complica quando os nazistas descobrem que o judeu está escondido lá. Na minha opinião, Max, junto a Liesel, protagoniza a cena mais marcante do livro. 

Ao chegar à rua Himmel, Liesel já trazia na mala o seu primeiro livro roubado: "O Manual do Coveiro". Em uma Alemanha assombrada pela Guerra e pelo Holocausto, a pequena roubadora de livros encontrou nesse ato  uma ocupação e, sobretudo, um sentido para sua vida. Para Liesel, as palavras eram muito além do que estava no papel, elas eram a sua vida, eram o que a faziam se sentir viva. A sede de conhecimento trouxe a menina uma paixão, um propósito, um refúgio. E é através dessa paixão que o livro expressa uma sensibilidade inigualável, capaz de amolecer o coração de qualquer um. Fui do zero à oitenta durante a leitura. Ri, fiquei triste, me emocionei pelos dois motivos, fiquei magoada, ansiosa, mexida, uma mistura de sensações que só quem já leu pode entender. Achei incrível a construção da história através do poder que as palavras têm de, quando tudo parecer perdido, trazer felicidade e encantamento às pessoas.

UMA ÚLTIMA NOTA DE SUA NARRADORA:
Os seres humanos me assombram.

Livro: A menina que roubava livros
Autor: Markus Zusak
Editora: Intrínseca

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